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O Retorno de Colombo e Quando a Europa Soube do Novo Mundo

  • Foto do escritor: Sidney Klock
    Sidney Klock
  • 25 de nov.
  • 2 min de leitura

O céu de Lisboa, em 4 de março de 1493, testemunhou o retorno de um homem que mudaria para sempre os rumos da História. Cristóvão Colombo, exausto e tomado por um misto de triunfo e urgência, regressava de sua primeira viagem às Américas. Carregava consigo não apenas cartas e artefatos, mas a promessa de terras vastas, férteis e misteriosas, onde o ouro e os habitantes exóticos sugeriam um mundo de riquezas e oportunidades. O porto fervilhava com a notícia, e rumores se espalhavam mais rápido que o próprio vento atlântico. Naquele instante, a Europa despertava para um novo horizonte.


Cristóvão Colombo chegando ao porto de Lisboa em 1493, sendo recebido por marinheiros e curiosos.
Arte: SK

A jornada de Colombo fora marcada por incertezas. Ao partir da Espanha em agosto de 1492, ele buscava um caminho mais curto para as Índias, mas encontrou algo maior do que qualquer especulação geográfica de sua época. Durante meses, explorou ilhas do Caribe, batizando terras e interagindo com povos cujos costumes e linguagens eram incompreensíveis para os europeus. Retornou não com as especiarias asiáticas prometidas, mas com relatos fascinantes e a convicção de que havia descoberto algo inédito. No entanto, nem todos estavam convencidos. Muitos duvidavam de sua descoberta, e os mapas da época ainda insistiam em encaixar aquelas terras nos contornos já conhecidos.


A recepção de Colombo em Lisboa foi estratégica. O rei D. João II, de Portugal, ciente da rivalidade marítima com a Espanha, desejava informações detalhadas sobre a viagem. Colombo sabia que sua chegada à capital lusitana poderia provocar tensões diplomáticas, afinal, Portugal e Espanha disputavam a primazia sobre as navegações. Logo, os monarcas ibéricos recorreriam à mediação papal, culminando no Tratado de Tordesilhas, que dividiria o globo entre as duas potências. A jornada de Colombo não apenas revelou terras desconhecidas, mas inaugurou uma nova era de disputas imperiais e redefiniu o próprio conceito de mundo.


O impacto daquele retorno transcendeu os portos e os palácios. Nos anos seguintes, exploradores, mercadores e missionários lançaram-se ao Atlântico movidos pela promessa de novas riquezas. A narrativa de Colombo alimentou a fome europeia por expansão e deu início a um processo de colonização que moldaria o destino de continentes inteiros. Séculos depois, a chegada dos europeus às Américas ainda ecoa em culturas, línguas e fronteiras, enquanto os debates sobre as consequências desse encontro permanecem vivos. Colombo voltou a Lisboa como um navegador audacioso, mas sua viagem deu origem a um legado de conquistas e tragédias que definiriam o mundo moderno.


Curiosidade


Colombo acreditou até o fim da vida que havia chegado às margens da Ásia, recusando a ideia de um "Novo Mundo". Foi Américo Vespúcio quem, anos depois, sugeriu que aquelas terras eram um continente desconhecido. Por isso, seu nome batizou a América.


Referências


  • FERREIRA, Olavo. A Expansão Marítima Europeia e suas Consequências. Lisboa: Edições Navegantes, 2008.

  • PIGAFETTA, Antonio. Primeiras Navegações e Descobrimentos. Madrid: Ediciones Históricas, 2015.

  • Documentos da Coroa Portuguesa sobre Colombo e o Tratado de Tordesilhas, Arquivo Nacional de Lisboa.

 
 
 

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