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1905 – Jules Verne e o nascimento da ficção científica moderna

  • Foto do escritor: Sidney Klock
    Sidney Klock
  • 24 de mar.
  • 2 min de leitura

No dia 24 de março de 1905, Jules Verne silenciava sua pena pela última vez em Amiens, França. Mas sua morte foi apenas o início de uma eternidade literária. Pai da ficção científica moderna, Verne escreveu com os olhos no futuro e os pés fincados no solo de um século que ainda não conhecia os submarinos elétricos, as viagens espaciais ou a exploração das profundezas oceânicas. Ao cruzar os limites da ciência com a imaginação, ele não apenas inspirou gerações de cientistas, engenheiros e escritores — criou um novo gênero: um campo fértil onde o impossível se tornava plausível. Sua obra não previa o futuro. Ela o provocava.

Retrato de Jules Verne com livros e invenções futuristas ao fundo
Arte: SK

Em meados do século XIX, a Europa vivia uma ebulição tecnológica. A Revolução Industrial já tinha redesenhado as cidades, multiplicado as fábricas e elevado a ciência a um novo patamar de prestígio. Verne foi um filho atento desse tempo, mas, mais do que registrar o presente, ele ousou imaginá-lo além. Obras como Vinte Mil Léguas Submarinas, Da Terra à Lua e A Volta ao Mundo em 80 Dias romperam os limites da literatura de aventura, incorporando descobertas científicas e hipóteses tecnológicas em narrativas palpitantes. A criação do capitão Nemo e do submarino Nautilus não foi só uma invenção fabulosa: foi um prenúncio das inovações navais do século XX.


O diferencial de Verne não era apenas o conteúdo, mas a forma. Seus livros não apresentavam apenas ficção: eram tratados de curiosidade científica e inquietação filosófica, frequentemente adornados com mapas, esboços técnicos e descrições minuciosas de engenhos. Inspirado por autores como Edgar Allan Poe e pelas conquistas científicas de sua época, ele transformou o romance em um laboratório narrativo. Foi pioneiro ao mostrar que a literatura pode ser um espaço de projeção de futuros possíveis — e até desejáveis ou temíveis. Não por acaso, a influência de Verne ecoou no século XX através de autores como Isaac Asimov e Arthur C. Clarke, e até hoje é sentida em roteiros de cinema, séries e jogos digitais.


Mas talvez o maior legado de Jules Verne seja cultural: ele deu à humanidade uma nova forma de sonhar. Seus livros tornaram a ciência algo acessível, quase mágico, e despertaram o imaginário coletivo para possibilidades antes restritas aos laboratórios e universidades. Verne provou que a ciência podia ser uma aventura. Ao fundir literatura com tecnologia, criou pontes entre mundos que antes pareciam distantes — o da arte e o da razão. E ao fazer isso, deu à ficção científica uma bússola moral e uma missão estética: explorar o desconhecido sem abandonar o espírito humano.


🔍 Curiosidade


Jules Verne previa não só tecnologias, mas até estruturas sociais. Em seu livro pouco conhecido Paris no Século XX (escrito em 1863, mas publicado apenas em 1994), ele descreve uma Paris futurista com carros a gasolina, arranha-céus de vidro, redes de comunicação global... e uma sociedade onde a poesia era marginalizada. A editora da época achou a história "absurda". Hoje, parece profética.


📚 Referências


  • CNRS – Centre National de la Recherche Scientifique (França)

  • Jules Verne Museum, Nantes

  • Université de Picardie Jules Verne

  • "Jules Verne and the Idea of the Future" – Science Fiction Studies Journal

 
 
 

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