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23 de Maio na História: Ecos de Honra, Revolução e Resistência

  • Foto do escritor: Sidney Klock
    Sidney Klock
  • 23 de mai.
  • 4 min de leitura

O tempo não passa. Ele permanece, como eco. Cada dia no calendário é uma partitura que ressoa com as vozes de quem viveu, lutou, sonhou ou caiu. O 23 de maio é uma dessas datas que, quando tocadas com sensibilidade histórica, revelam uma melodia complexa de bravura, arte, destruição e esperança. Neste artigo, percorremos diferentes séculos e geografias para compreender como este dia se tornou um ponto de confluência entre o heroísmo e o luto, a criação e a resistência.


Pintura em estilo clássico que representa cenas simbólicas de 23 de maio na história: Joana d’Arc em armadura com expressão serena, Carl Linnaeus em trajes do século XVIII, dois homens em abraço de luto evocando os mártires da Revolução Constitucionalista e o juiz Giovanni Falcone, e um casal afrodescendente trocando olhares afetuosos, representando a legalização do casamento homoafetivo na Irlanda. Ao fundo, paisagens e elementos arquitetônicos em tons terrosos e luz dramática completam a composição.
Arte: SK

⚔️ 23 de Maio de 1932 — O Estopim da Revolução Constitucionalista de 1932


Na noite de 23 de maio de 1932, quatro jovens paulistas — Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo — foram mortos durante uma manifestação contra o governo provisório de Getúlio Vargas. Esse episódio, que ficaria conhecido como a morte dos "MMDC", tornou-se o símbolo e a fagulha da Revolução Constitucionalista de 1932, movimento que reivindicava a criação de uma nova constituição para o Brasil.


A cidade de São Paulo, naquele momento, pulsava com o desejo de ordem legal e autonomia. A luta, que se transformaria em um dos conflitos armados mais emblemáticos da história republicana brasileira, começou a partir da indignação e do sangue derramado naquela noite de maio.


"O sangue jovem vertido em 23 de maio não apenas manchou o chão da cidade — ele escreveu, em vermelho, um pedido por justiça constitucional."

🕯️ 23 de Maio de 1992 — O Assassinato de Giovanni Falcone


Na Itália, o 23 de maio também se tornou um dia de dor e memória profunda. Em 1992, o juiz antimáfia Giovanni Falcone foi assassinado em um atentado brutal orquestrado pela Cosa Nostra, nos arredores de Palermo. A explosão que matou Falcone, sua esposa e três agentes de segurança foi um marco na luta contra o crime organizado italiano.


A morte de Falcone não silenciou sua causa. Pelo contrário, ela acendeu um novo ímpeto social e político contra a máfia, fortalecendo a mobilização nacional por justiça e segurança. Seu nome, desde então, habita não só livros e memoriais, mas corações que creem na justiça como força ética.

"Às vezes, é preciso explodir a escuridão para revelar a coragem de quem caminha com a verdade."

🎭 23 de Maio de 1934 — Estreia de “Porgy and Bess”


Em 23 de maio de 1934, no palco do Alvin Theatre, em Nova York, ocorreu uma leitura especial de uma obra que mudaria os rumos da música e do teatro: “Porgy and Bess”, de George Gershwin. Misturando ópera, jazz e espiritualidade negra, a peça emergiu como um hino poético e controverso sobre a experiência afro-americana no sul dos Estados Unidos.


A peça seria oficialmente encenada em 1935, mas essa leitura inicial, feita com músicos e atores negros, já anunciava o rompimento com padrões raciais e artísticos da época. Um passo simbólico e musical rumo à democratização da arte.

"Na música de Gershwin, as vozes negras finalmente ganharam palco próprio — e ecoaram além dos salões."

⛪ 23 de Maio de 1430 — A Captura de Joana d’Arc


Em plena Guerra dos Cem Anos, a heroína francesa Joana d’Arc foi capturada neste dia, em 1430, por tropas borgonhesas aliadas aos ingleses, na cidade de Compiègne. Tinha apenas 19 anos. Sua prisão marcava o início do fim de sua breve e fulgurante missão terrena.


Condenada por heresia e bruxaria, Joana seria executada no ano seguinte. Mas seu espírito, símbolo da fé e da resistência, atravessaria os séculos. Em 1920, foi canonizada pela Igreja Católica. Sua captura, naquele 23 de maio, não foi apenas um ato militar — foi a tentativa de calar uma chama que, no entanto, nunca se apagou.

"Quando capturaram Joana, não prenderam apenas um corpo. Tentaram conter o sopro de um mito."

🏳️‍🌈 23 de Maio de 2015 — A Irlanda Legaliza o Casamento Homoafetivo


Em 23 de maio de 2015, a Irlanda fez história ao se tornar o primeiro país do mundo a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo por meio de referendo popular. A decisão, com mais de 62% dos votos favoráveis, ressoou como símbolo de progresso, inclusão e mudança cultural.


Em uma nação de fortes raízes católicas, a vitória representou um abraço coletivo à diversidade e ao amor em todas as suas formas. Foi, mais do que um voto, um gesto civilizatório.

"Naquela urna, os irlandeses votaram com o coração — e abriram as portas do futuro com mãos de respeito."

🌍 Fragmentos de Memória: Outros Eventos em 23 de Maio


  • 1701 – Nasce Carl Linnaeus, naturalista sueco criador da nomenclatura binomial para classificar os seres vivos.

  • 1937 – Morrem Bonnie e Clyde, o casal de criminosos mais famoso dos Estados Unidos, emboscados pela polícia no Texas.

  • 1951 – O Tibet é oficialmente incorporado à China com o Acordo dos 17 Pontos, marco de tensões e disputas identitárias.

  • 2010 – A série Lost exibe seu último episódio, encerrando uma narrativa televisiva que marcou uma geração.


🧩 Curiosidade


Sabia que o nome de Giovanni Falcone batiza o principal aeroporto de Palermo? Assim, cada chegada ou partida aérea na cidade é um lembrete de sua luta — como se o céu siciliano também se recusasse a esquecer.


📚 Referências


  • Biblioteca Nacional Digital do Brasil: acervo.bn.br

  • Arquivo Público do Estado de São Paulo

  • Enciclopédia Britannica (britannica.com)

  • Rai Cultura – Giovanni Falcone (raicultura.it)

  • Irish Times – Referendo 2015 (irishtimes.com)

  • Smithsonian Institution – História de Porgy and Bess

  • Vatican News – Canonização de Joana d’Arc

  • The New York Times Archives

💭 Encerramento


O 23 de maio nos lembra que o tempo não esquece. Em cada século, ele guarda um grito, uma melodia, uma decisão. Quando lemos a história por essas datas, não estamos apenas revisitando o passado — estamos escutando os passos de quem pavimentou o presente.

 
 
 

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