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A Chegada de Fernão de Magalhães às Filipinas

  • Foto do escritor: Sidney Klock
    Sidney Klock
  • 25 de nov.
  • 2 min de leitura

Em 16 de março de 1521, após meses enfrentando tempestades e fome em alto-mar, Fernão de Magalhães e sua frota avistaram as ilhas que hoje conhecemos como Filipinas. Essa chegada, parte da primeira viagem de circunavegação da Terra, foi um momento decisivo na história da globalização. Não se tratava apenas de uma descoberta para os europeus, mas do início de uma intensa transformação na Ásia, marcada pelo comércio, pela religião e pelo conflito. Magalhães, a serviço da coroa espanhola, encontrou um arquipélago repleto de reinos independentes, comerciantes muçulmanos e uma rede de influência malaia e chinesa já consolidada.


Fernão de Magalhães nas Filipinas
Arte: SK

O navegador português rapidamente estabeleceu relações com os líderes locais, incluindo Rajá Humabon, governante de Cebu. O interesse espanhol não se limitava às especiarias; havia também um forte impulso evangelizador. Magalhães persuadiu Humabon a se converter ao cristianismo, prometendo proteção e vantagens comerciais. Centenas de nativos foram batizados, e uma nova aliança política foi selada. No entanto, nem todos os chefes tribais aceitaram essa interferência estrangeira. O líder Lapu-Lapu, da ilha de Mactan, recusou-se a se submeter ao domínio espanhol, vendo na presença de Magalhães uma ameaça à sua soberania.


A tensão culminou na batalha de Mactan, em 27 de abril de 1521. Magalhães, confiante na superioridade de suas armas europeias, subestimou a resistência local. Com apenas alguns soldados ao seu lado, enfrentou um exército numeroso e foi derrotado e morto. Sua morte evidenciou os limites da tecnologia ocidental frente ao conhecimento do terreno e às táticas de guerra dos povos locais. Apesar disso, sua viagem demonstrou, pela primeira vez na prática, a esfericidade da Terra e inaugurou um período de domínio europeu na Ásia, que duraria séculos.


Hoje, as Filipinas carregam marcas profundas desse encontro. O catolicismo introduzido por Magalhães tornou-se uma das identidades mais fortes do país, tornando-o uma das poucas nações predominantemente cristãs da Ásia. As rotas comerciais abertas pelos espanhóis conectaram a região ao mundo ocidental, especialmente por meio do Galeão de Manila, que transportava riquezas asiáticas para a América e Europa. No entanto, a resistência de Lapu-Lapu tornou-se um símbolo da luta contra o colonialismo, lembrando que a história não é feita apenas pelos que chegam, mas também pelos que resistem.


Curiosidade


A morte de Magalhães impediu que ele completasse sua própria jornada de circunavegação. Ironicamente, o primeiro homem a dar a volta ao mundo foi seu escravo, Enrique de Malaca, que, ao chegar às Filipinas, encontrou um povo que falava sua língua nativa. Ele pode ter sido o primeiro verdadeiro circunavegador, retornando ao ponto de partida antes mesmo dos espanhóis.


Referências


  • BERGREEN, Laurence. Fernão de Magalhães: Até ao Fim do Mundo. Bertrand Editora, 2016.

  • CAMÕES, José Manuel Garcia. A Viagem de Fernão de Magalhães e os Portugueses. Temas e Debates, 2019.

  • Instituto Nacional de Estudos Históricos das Filipinas. "A Batalha de Mactan e o Legado de Lapu-Lapu." Publicação Oficial, 2021.

 
 
 

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