O Dia Internacional da Dança e a jornada atemporal do corpo em movimento
- Sidney Klock
- 28 de nov
- 3 min de leitura
Desde as primeiras marcas deixadas na terra úmida das cavernas até os palcos que hoje iluminam cidades inteiras, a dança acompanha a humanidade como uma respiração antiga. Em 29 de abril, o Dia Internacional da Dança recorda esse fio contínuo que liga gestos remotos às coreografias contemporâneas, revelando que o movimento sempre guardou algo essencial sobre o que somos.

Caminhos antigos onde a dança se tornou linguagem
Muito antes da escrita fixar sinais em superfícies, já havia corpos descrevendo histórias no espaço. Em celebrações de fertilidade, em ritos de passagem e nas cerimônias que marcavam o tempo, a dança atuava como uma narrativa silenciosa, transmitida de geração em geração.É nesse horizonte amplo que se insere a criação do Dia Internacional da Dança em 1982, instituído pelo Comitê Internacional da Dança da UNESCO, em homenagem ao nascimento do coreógrafo Jean Georges Noverre. Sua presença no século XVIII marcou uma mudança profunda na arte do balé. Nos textos reunidos em Lettres sur la danse et sur les ballets de 1760, Noverre defendeu uma dança capaz de unir técnica e humanidade, gesto e intenção.Ao visitar outros temas relacionados à história das artes cênicas, como a simbologia do corpo ou os caminhos que moldaram expressões tradicionais, o leitor encontra ecos dessa mesma busca pela preservação da memória em movimento.
Jean Georges Noverre e a formação de uma dança que narra
No cenário artístico europeu do século XVIII, Noverre ocupou um espaço singular. Suas cartas propunham uma reforma estética que valorizava personagens verossímeis e histórias que dialogassem com a sensibilidade humana. Essa postura alterou o rumo do balé, aproximando-o da ideia de espetáculo narrativo.A influência de Noverre se espalhou por companhias, escolas e tradições que compreenderam a dança como um campo onde técnica e imaginação se entrelaçam. Hoje, quando se celebra o Dia Internacional da Dança, também se recorda esse legado que transformou a cena coreográfica mundial.
Expressões que atravessam fronteiras e preservam identidades
Em diferentes regiões do planeta, a dança assume formas próprias que revelam modos de existir. Há movimentos circulares que acompanham cantos ancestrais, passos precisos que ecoam nas tábuas dos teatros, gestos que nascem da improvisação urbana.Cada tradição carrega a memória de seus povos, assim como muitos estudos sobre cultura e performance lembram que dançar é uma forma de inscrever identidades no espaço. Em um percurso semelhante ao que se observa em outras expressões artísticas, como as narrativas orais e os rituais comunitários, a dança torna visível aquilo que cada sociedade decide guardar.
A celebração contemporânea e o reencontro com o corpo no Dia Internacional da Dança
O 29 de abril ganhou novos contornos no mundo atual. Oficinas abertas, apresentações em praças, ações educativas e encontros digitais ampliam o alcance dessa arte que circula entre palcos e ruas. Dançar hoje se tornou também um gesto de cuidado consigo mesmo, pois o movimento favorece a saúde física e mental, fortalece vínculos e devolve ao corpo sua presença integral.Assim como em práticas culturais que resgatam tradições, a dança contemporânea amplia pontes entre coletividades e memórias individuais.
A dança como arquivo vivo
Cada gesto traz consigo uma linha do tempo invisível. Saltos, giros e deslocamentos conservam traços de festejos antigos, de ritos agrícolas, de coreografias que celebravam alianças e de práticas transmitidas oralmente.A dança permanece como um arquivo vivo que atravessa épocas e mantém acesa a lembrança de quem já caminhou antes de nós. Nesse sentido, o Dia Internacional da Dança convida a observar como o corpo guarda histórias que se renovam a cada execução.
Curiosidade
Pinturas rupestres encontradas em cavernas da Índia e da Espanha, datadas de mais de nove mil anos, mostram figuras humanas em posições que sugerem práticas dançantes. Esses registros reforçam a antiguidade dessa forma de expressão.
Referências
• UNESCO. International Dance Day.
• Noverre, Jean Georges. Lettres sur la danse et sur les ballets 1760.
• Hanna, Judith Lynne. Dance, Sex, and Gender 1988.
• Kaeppler, Adrienne L. Dance and the Concept of Style 1978.
• Franko, Mark. Dancing Modernism, Performing Politics 1995.



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