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Dia Internacional do Cooperativismo: História, Princípios, Tipos e Impacto no Brasil e no Mundo

  • Foto do escritor: Sidney Klock
    Sidney Klock
  • 28 de nov.
  • 4 min de leitura

Todo primeiro sábado de julho, o mundo celebra o Dia Internacional do Cooperativismo, uma data que transcende fronteiras e simboliza a força da união entre pessoas em torno de princípios comuns de solidariedade, democracia econômica e desenvolvimento sustentável. Criado oficialmente pela ONU em 1992, mas com raízes históricas que remontam ao século XIX, o cooperativismo mobiliza hoje 1,2 bilhão de membros em mais de 3 milhões de cooperativas espalhadas por todos os continentes.


Mais do que um modelo de negócios, o cooperativismo é uma filosofia que coloca pessoas acima do lucro e comunidades acima da competição, provando que é possível prosperar coletivamente sem abrir mão de valores fundamentais de inclusão, participação e bem-estar social.


Ilustração em formato quadrado de mãos diversas entrelaçadas em círculo ao redor de uma árvore que cresce em espiral, com raízes formando uma rede. No topo, surgem casas, livros, trigo e painéis solares, simbolizando união, educação, agricultura e energia limpa, sobre um fundo azul-esverdeado com pássaros e estrelas.
Arte: SK

Da revolução de Rochdale ao reconhecimento global


A semente do cooperativismo moderno germinou em 1844, na pequena cidade de Rochdale, Inglaterra. Diante da exploração e da carestia, 28 operários teceram o embrião de uma nova forma de organização: a Sociedade dos Pioneiros Equitativos de Rochdale. A pequena loja que vendia farinha, aveia, açúcar e manteiga fincou as bases dos Sete Princípios Cooperativos, como a gestão democrática — “um membro, um voto” —, a participação econômica e o compromisso com educação.


A força dessa ideia percorreu fronteiras, dando origem a cooperativas urbanas de crédito na Alemanha, pelas mãos de Schulze-Delitzsch, e rurais, pelo padre Raiffeisen. Nos Estados Unidos, cooperativas de consumo e produção surgiram ainda no século XIX, consolidando o cooperativismo como alternativa real ao modelo capitalista hegemônico.


Em 1895, foi fundada a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) em Londres, a primeira organização não-governamental de âmbito global. E em 1992, a ONU deu ao movimento seu marco oficial, proclamando o primeiro sábado de julho como o Dia Internacional do Cooperativismo, fortalecendo a consciência global sobre seu impacto social, econômico e ambiental.


Raízes, marcos e expansão


No Brasil, o cooperativismo brotou ainda na virada para a República. Em 1889, surge a primeira cooperativa de consumo em Ouro Preto (MG). Mas o marco histórico consolidou-se em 1902, quando o padre suíço Theodor Amstad criou, em Nova Petrópolis (RS), a primeira cooperativa de crédito do país — semente que daria origem ao Sicredi Pioneira, ainda hoje um ícone do cooperativismo brasileiro.


Ao longo do século XX, o modelo se espalhou por diversos setores: surgiram as cooperativas agrícolas (1906), as cooperativas de saúde, como a UNIMED (1967), e o sistema habitacional cooperativo, fortalecido com políticas públicas recentes como o Minha Casa Minha Vida Entidades.


A regulamentação veio com a Lei 5.764/71, que definiu o regime jurídico das sociedades cooperativas. Já a Constituição de 1988 garantiu autonomia e apoio legal, consagrando o cooperativismo como vetor de desenvolvimento social.


Hoje, são 4.880 cooperativas, reunindo 19 milhões de cooperados. Elas movimentam mais de R$ 525 bilhões por ano e respondem por quase meio milhão de empregos diretos — e a projeção é chegar a 30 milhões de cooperados e R$ 1 trilhão de faturamento até 2027.


Do campo à energia limpa


O cooperativismo brasileiro é diverso. As cooperativas agrícolas controlam quase metade da produção agropecuária nacional e mais de 50% da colheita de grãos, envolvendo majoritariamente agricultores familiares.


As cooperativas de crédito, presentes em mais de 100 cidades onde são o único provedor financeiro, promovem inclusão bancária e desenvolvimento local.


Já o setor da saúde conta com 862 cooperativas, entre médicas (UNIMED) e odontológicas (UNIODONTO), oferecendo atendimento acessível e de qualidade.


Além disso, cooperativas de infraestrutura e energia vêm ganhando força ao impulsionar energia renovável, eletrificação rural e acesso digital, provando que o modelo é dinâmico e adaptável aos desafios contemporâneos.


Educação, inovação e sustentabilidade


O cooperativismo não está imune a desafios. Modernizar o arcabouço legal — com propostas como o PL 519/2015 —, resolver gargalos tributários e ampliar a educação cooperativa são passos cruciais para o fortalecimento do setor.


Outro vetor estratégico é a transformação digital, que pode ampliar o alcance das cooperativas e oferecer soluções inovadoras para gestão, crédito, produção e serviços. E a sustentabilidade ambiental se torna cada vez mais central, com cooperativas desempenhando papel essencial na transição para economias mais verdes e justas.


O Segundo Ano Internacional das Cooperativas, a ser celebrado em 2025, reforça o potencial desse modelo como resposta concreta a crises globais — climática, social, econômica. Um movimento que, se fosse uma nação, ocuparia hoje o posto de 8ª maior economia mundial.


Curiosidade


Você sabia que a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) é a organização não-governamental mais antiga do mundo? Fundada em 1895, foi a primeira a receber status consultivo no Conselho Econômico e Social da ONU, em 1946 — uma conquista que reforça o papel das cooperativas como parceiras na construção de políticas públicas e agendas globais de desenvolvimento.


Referências


  • Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)

  • Aliança Cooperativa Internacional (ACI)

  • Resolução 47/90 da ONU

  • Lei 5.764/71 – Política Nacional do Cooperativismo

  • Dados atualizados: Relatórios OCB, FAO, ONU, COPAC

  • Recomendação 193 da OIT

 
 
 

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