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O Encanto Sombrio de "O Lago dos Cisnes"

  • Foto do escritor: Sidney Klock
    Sidney Klock
  • 20 de fev.
  • 2 min de leitura

Na noite de 20 de fevereiro de 1877, o Teatro Bolshoi, em Moscou, testemunhou o nascimento de um dos balés mais icônicos da história: O Lago dos Cisnes, de Piotr Ilitch Tchaikovsky. No entanto, sua estreia não foi um sucesso imediato. A recepção foi morna, com críticas voltadas tanto à coreografia quanto à dificuldade técnica da música. O público, acostumado a partituras mais previsíveis, estranhou a complexidade da composição. O que poderia ter sido relegado ao esquecimento, no entanto, ganhou nova vida anos depois, transformando-se no maior símbolo do balé clássico.


Bailarina interpretando Odette em O Lago dos Cisnes, vestida com um tutu branco etéreo.
Arte: SK

A obra é uma fusão entre a tradição europeia e o romantismo russo. Inspirada em contos germânicos sobre donzelas encantadas e príncipes condenados, a história gira em torno de Odette, uma jovem aprisionada no corpo de um cisne pelo feitiço do bruxo Von Rothbart. Somente o amor verdadeiro poderia libertá-la. O príncipe Siegfried se apaixona por Odette, mas é enganado por Rothbart, que apresenta sua filha Odile—o "cisne negro"—como se fosse a amada do príncipe. O desfecho trágico varia conforme a encenação: em algumas versões, os amantes sucumbem às forças do destino; em outras, encontram a redenção na morte.


A princípio, a partitura de Tchaikovsky foi considerada "impraticável" para a dança, devido à sua riqueza melódica e orquestração sofisticada. O compositor, habituado à grandiosidade da música sinfônica, tratou o balé como uma sinfonia dançante, desafiando os padrões da época. Apenas em 1895, sob a adaptação dos coreógrafos Marius Petipa e Lev Ivanov, O Lago dos Cisnes ressurgiu em São Petersburgo e finalmente conquistou seu status imortal. Essa versão definiu a estética do balé clássico, estabelecendo o rigor técnico e a expressividade dramática que dominam os palcos até hoje.


Ao longo do século XX, O Lago dos Cisnes transcendeu o universo do balé e tornou-se um fenômeno cultural. Foi reinventado no cinema, no teatro e até na moda. O conceito do "cisne negro" ganhou conotações filosóficas e psicológicas, simbolizando o dualismo entre luz e sombra dentro do ser humano. Sua presença em filmes como Cisne Negro (2010) e sua associação ao mundo do balé profissional reforçam a carga emocional e simbólica da obra. O fascínio pelo balé reside não apenas na sua beleza técnica, mas na forma como ressoa com os conflitos e dilemas humanos.


Curiosidade


Você sabia que a imagem da bailarina clássica vestida de branco, etérea e delicada, deve muito à estética de O Lago dos Cisnes? O figurino de Odette ajudou a consolidar o famoso tutu romântico, que se tornou sinônimo de balé clássico e permanece icônico até hoje.


Referências


  • WILEY, Roland John. Os balés de Tchaikovsky: O Lago dos Cisnes, A Bela Adormecida, O Quebra-Nozes. Oxford University Press, 1985.

  • BEAUMONT, Cyril W. O Balé chamado O Lago dos Cisnes. Dance Books Ltd, 1992.

  • MORRISON, Simon. Bolshoi Confidential: Segredos do Balé Russo. W.W. Norton & Company, 2016.

  • THE ROYAL BALLET. O Lago dos Cisnes: Uma Perspectiva Histórica. Royal Opera House, 2021.

 
 
 

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