O Primeiro Dia Internacional da Mulher
- Sidney Klock
- 8 de mar.
- 2 min de leitura
Em março de 1911, cidades europeias despertaram sob o rumor de passos que vinham transformar o século. De Berlim a Viena, de Copenhague a Zurique, milhares de mulheres ergueram cartazes e caminharam juntas, revelando uma força que nenhum governo podia ignorar. As ruas, antes espaços de silêncio imposto, tornaram-se lugares onde a reivindicação se tornava visível, marcada por rostos determinados e pela consciência de que um novo capítulo estava sendo escrito. Aquele primeiro Dia Internacional da Mulher não foi apenas uma data, mas um gesto inaugural de mudança.

A Semente Lançada por Clara Zetkin
A mobilização nasceu de um impulso anterior. No ano de 1910, reunida na Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhague, Clara Zetkin propôs a criação de um dia dedicado à causa feminina. Sua ideia não buscava celebrações simbólicas, mas a unificação de lutas que já se espalhavam pelas fábricas, pelos sindicatos e pelos movimentos políticos. Quando o dia foi enfim realizado no ano seguinte, mais de um milhão de mulheres tomaram as ruas, reivindicando direitos básicos, como voto, trabalho digno e proteção social.
Ecos que ultrapassam fronteiras
Aquela marcha inicial não encerrou nada, apenas abriu caminhos. Nos anos seguintes, a guerra tentou sufocar vozes, governos autoritários tentaram dissolver movimentos, mas a chama acesa em 1911 não se apagou. Em 1917, as mulheres russas marcharam contra a fome e a violência, impulsionando um processo que derrubaria o czarismo. Décadas depois, em 1975, a ONU oficializou o 8 de março como Dia Internacional da Mulher, reconhecendo a continuidade de uma luta que atravessou fronteiras e sistemas políticos.
O Legado que Continua em Marcha
Passado mais de um século, aquele primeiro passo coletivo permanece como linha de força para tantas outras reivindicações. O dia não é apenas um marco histórico, mas um convite silencioso para observar o que ainda persiste de desigualdade e o que já se transformou. A memória de 1911 não pertence ao passado, pois cada novo avanço ecoa o gesto das mulheres que se reuniram nas praças europeias, deixando claro que, quando uma voz se levanta, outras se unem a ela.
Curiosidade
No primeiro Dia Internacional da Mulher, muitas manifestantes usaram flores vermelhas presas à roupa. O gesto tornou-se símbolo de resistência, lembrando o sangue das trabalhadoras exploradas e a esperança de um futuro mais justo.
Referências
United Nations. “International Women’s Day.”
BBC History. “The origins of International Women’s Day.”
German Historical Institute. “Clara Zetkin and the women’s movement.”
Riddell, Neil. Women and the Struggle for Political Power in Europe. Cambridge University Press.



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