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Dia de Todas as Famílias

  • Foto do escritor: Sidney Klock
    Sidney Klock
  • 15 de mai.
  • 4 min de leitura

🌿 Introdução: Laços que não se veem, mas sustentam o mundo


Família é palavra que escapa definições rígidas. É sangue, sim — mas é também escolha, presença, gesto, tempo compartilhado. Família é quem cuida, quem permanece, quem nos testemunha em silêncio. Não há uma só forma de amar, nem uma só estrutura de pertencimento. Há tantas famílias quanto histórias humanas.


No dia 15 de maio, celebramos o Dia Internacional da Família, data criada pela ONU para reconhecer essa pluralidade de laços que sustentam nossas vidas — e, com elas, a própria humanidade.


Neste artigo, propomos um mergulho sensível e histórico nas múltiplas formas de família ao longo do tempo. Vamos desvendar origens, transformações culturais e simbólicas, e celebrar as diversas maneiras de estar junto, cuidar e construir mundos em comum.


Pintura a óleo em estilo realista retratando uma família plural reunida em um ambiente acolhedor e suavemente iluminado. Ao centro, uma mulher negra sorri enquanto abraça uma menina loira de olhos atentos. Ao seu redor, adultos e crianças de diferentes etnias e idades compartilham expressões de afeto e serenidade. A cena transmite união, diversidade e calor humano, com tons terrosos e pinceladas suaves que evocam um clima de ternura e pertencimento.
Arte: SK

📜 A origem do Dia Internacional da Família


O Dia Internacional da Família foi proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1993, com o objetivo de reconhecer o papel fundamental da família no desenvolvimento social, cultural e afetivo da humanidade. A escolha da data — 15 de maio — marca o compromisso internacional com a proteção dos laços familiares, especialmente diante dos desafios contemporâneos: pobreza, violência, migração forçada, desigualdade de gênero e exclusão social.


A ONU não define um único modelo de família. Ao contrário, o que se celebra são as formas diversas, mutáveis e legítimas com que os seres humanos se organizam em torno do cuidado, da proteção mútua e da transmissão de valores e memórias.


🕰 A história das famílias: da linhagem à afinidade


A família, como a conhecemos, não é uma estrutura fixa ao longo da história. Suas formas mudaram com o tempo, com a cultura, com a economia e com as crenças de cada sociedade.


Famílias na Antiguidade


Na Roma Antiga, o modelo familiar era centrado na figura do pater familias, o homem mais velho da linhagem, que detinha poder absoluto sobre filhos, esposas e servos. Já na Grécia, embora houvesse a valorização da herança e da linhagem, os laços de amizade (philia) muitas vezes se sobrepunham aos de sangue.


Nas sociedades indígenas das Américas e africanas, as famílias eram — e ainda são — frequentemente comunitárias e coletivas, com responsabilidades compartilhadas entre avós, tios, irmãos e até vizinhos.


Idade Média e o valor da linhagem


Durante a Idade Média europeia, a família nobre era uma unidade política: casamentos eram alianças entre reinos e terras. Já entre os camponeses, a família era uma comunidade de trabalho, onde todos contribuíam com as tarefas da terra.


Século XIX e o surgimento da “família nuclear”


Foi no século XIX, com o avanço da industrialização e do modelo burguês, que a ideia da família nuclear — pai, mãe e filhos — ganhou força como ideal ocidental. Essa concepção, no entanto, era tão mais uma construção cultural quanto uma realidade comum. Milhões de famílias viviam fora desse padrão: avós que criavam netos, mães solteiras, órfãos acolhidos por vizinhos.


🌎 As novas configurações familiares no mundo contemporâneo

Hoje, falamos em famílias mosaico, famílias homoafetivas, famílias monoparentais, famílias extensas, entre outras formas que escapam ao modelo tradicional. A vida moderna, marcada por mobilidade, urbanização e mudanças sociais, multiplicou os jeitos de formar laços duradouros.


Essa pluralidade, longe de enfraquecer a ideia de família, a enriquece e a torna mais humana. Afinal, o que constitui uma família não é sua forma externa, mas a presença viva do cuidado, do afeto e da construção mútua.

"Família é onde o amor aprende a morar."— Provérbio popular reinterpretado

🪞 Família como espelho da sociedade


A forma como uma sociedade entende a família diz muito sobre seus valores, seus medos e suas esperanças.


Quando uma cultura valoriza apenas um modelo familiar, exclui e silencia milhões de vidas reais. Ao contrário, ao acolher a diversidade, reconhece a complexidade e a beleza da condição humana.


A arte, a literatura e o cinema têm mostrado isso com sensibilidade. Obras como As Horas, O Segredo de Brokeback Mountain e Tudo Sobre Minha Mãe nos convidam a pensar o que significa ser família: cuidar de alguém até o fim, mesmo sem laços legais ou sanguíneos.


🧩 Família também é memória


Famílias são arquivos vivos. Guardam receitas, sotaques, gestos, fotos antigas, lutos e festas. São o lugar onde o tempo se dobra e a infância permanece — mesmo quando o corpo envelhece. Uma frase dita por um avô, uma música cantada por uma mãe, uma história contada por um tio — tudo isso molda nossa identidade.


Celebrar o Dia de Todas as Famílias é também celebrar a memória coletiva, aquilo que nos liga a algo maior do que nós: uma linhagem de afetos, ausências e reencontros.


✨ Conclusão: Uma constelação de afetos


A verdadeira família talvez seja, como disse o poeta Rainer Maria Rilke, aquela em que “duas solidões se protegem, se tocam e se saúdam”. Não importa sua forma: se é feita de amigos, de irmãos, de companheiros de caminhada. Família é onde somos vistos.


No Dia de Todas as Famílias, abramos espaço para o respeito à diversidade, para a escuta das histórias que fogem ao esperado, para o acolhimento dos laços que se constroem no tempo — com dor, com beleza, com amor.


Porque no fim, o que nos sustenta não é o formato da estrutura, mas a profundidade do vínculo.


🧠 Curiosidade


Você sabia que o conceito de “família escolhida” surgiu entre comunidades LGBTQIA+ nos anos 1980 como resposta ao abandono social? Nesses círculos, amigos e parceiros assumiam o papel de cuidadores, oferecendo suporte emocional e até cuidados médicos em tempos de crise. Um lembrete de que família é, antes de tudo, um ato de amor e resistência.


📚 Fontes


  • ONU – International Day of Families: https://www.un.org/en/observances/international-day-of-families

  • UNESCO – The role of families in contemporary societies: https://www.unesco.org/en/families

  • Ariès, Philippe. História Social da Criança e da Família.

  • Badinter, Elisabeth. Um Amor Conquistado: O Mito do Amor Materno.

  • Giddens, Anthony. Sociologia.

  • Butler, Judith. Problemas de Gênero.

  • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).


Gostou desse mergulho nas constelações familiares? Compartilhe com quem constrói laços contigo — e lembre-se:

"Família não é quem te coloca no mundo, é quem te ajuda a viver nele."

 
 
 

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