A construção da Bastilha: da fortaleza à ruína revolucionária
- Sidney Klock
- 17 de fev.
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de fev.
Em 1370, a cidade de Paris era um ponto estratégico na Guerra dos Cem Anos, enfrentando ameaças constantes da Inglaterra. Nesse contexto, sob as ordens do rei Carlos V, foi iniciada a construção da Bastilha, planejada originalmente como uma fortaleza para proteger os acessos orientais da cidade. Localizada próxima à entrada de uma das principais vias, a Bastilha foi concebida como um símbolo de defesa e poder. Seu nome, derivado do termo "bastide", indicava uma fortificação medieval, mas sua história futura revelaria um destino muito além das expectativas iniciais.

Ao longo dos séculos, a Bastilha evoluiu de um papel militar para uma prisão estatal. Durante os reinados dos Valois e Bourbons, suas celas abrigaram nobres, intelectuais e até dissidentes políticos. Apesar de seu propósito ostensivo de proteger a monarquia, a fortaleza tornou-se, ironicamente, um dos maiores símbolos da tirania real. Escritores como Voltaire relataram o rigor de suas masmorras, criando uma imagem de opressão que inflamou o espírito revolucionário no final do século XVIII. Mais do que um edifício, a Bastilha passou a representar os excessos do absolutismo francês.
O ataque à Bastilha em 14 de julho de 1789 marcou o início simbólico da Revolução Francesa. Não foi apenas a destruição física de suas muralhas, mas um ato de libertação ideológica. O evento provou que a força do povo poderia derrubar estruturas antes consideradas inabaláveis. Curiosamente, naquele momento, a fortaleza abrigava apenas sete prisioneiros, mas seu significado como emblema de poder era inestimável. O que começou como uma fortaleza militar acabou sendo reduzido a destroços, vendidos como relíquias e utilizados para construir pontes e outros projetos públicos.
Hoje, a memória da Bastilha permanece viva, embora o edifício em si tenha desaparecido. No local onde a fortaleza esteve, encontra-se a Praça da Bastilha, cujo centro é marcado pela Coluna de Julho, uma homenagem às revoluções subsequentes de 1830. As pedras da Bastilha se dispersaram pela França, assim como sua história. A fortaleza deixou de ser um monumento à opressão para se tornar um símbolo de liberdade, ecoando nos movimentos democráticos pelo mundo.
Curiosidade
Embora a Bastilha tenha sido destruída em 1789, algumas de suas pedras foram reutilizadas para erguer a Ponte de la Concorde, em Paris. Assim, um pedaço dessa história ainda pode ser tocado e atravessado pelos habitantes e turistas da cidade.
Referências
Musée Carnavalet – História da Bastilha: https://www.carnavalet.paris.fr
Encyclopaedia Britannica – Bastille: https://www.britannica.com
Biblioteca Nacional da França – Arquivos históricos da Bastilha: https://gallica.bnf.fr
French Revolution Digital Archive – Stanford University: https://frda.stanford.edu
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