O Dia do Fico e o Caminho que Conduziu à Independência do Brasil

Sidney Klock
23 de nov.
2 min de leitura

Na manhã de 9 de janeiro de 1822, Dom Pedro, então príncipe regente, recebeu na residência carioca as pressões que cercavam seu futuro. A corte portuguesa ordenava seu retorno imediato a Lisboa. Grupos locais insistiam para que permanecesse. Ao declarar que ficaria, ele inaugurou um momento que ampliaria a distância política entre Brasil e Portugal.

As tensões que moldavam o cenário luso-brasileiro

O Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves vivia um período de redefinição. As Cortes de Lisboa buscavam centralizar novamente o poder na metrópole, retirando autonomia conquistada pelo Brasil após a transferência da corte em 1808.Dom Pedro, pressionado por diferentes facções e atento ao risco de instabilidade, decidiu permanecer. O gesto repercutiu de imediato, fortalecendo grupos que defendiam uma nova configuração política para o território.

O “fico” como início de uma marcha lenta e profunda

A frase atribuída ao príncipe, preservada pela tradição, não encerra o episódio, mas abre sua continuidade. A partir dali, os atritos se intensificaram. Decretos, negociações e alianças se acumularam até setembro de 1822, quando a independência foi proclamada. O “fico” tornou-se marco simbólico desse percurso, como se fosse a primeira pedra de um edifício que ainda seria construído.

A formação de um Estado que buscava sua própria voz

A permanência de Dom Pedro no Brasil significou mais do que uma escolha pessoal. Ela permitiu que instituições locais se reorganizassem e que a ideia de um Estado brasileiro se afirmasse gradualmente. O episódio seria lembrado como início de uma transição que definiria as estruturas políticas do século seguinte.

Curiosidade

O decreto que ordenava o retorno imediato de Dom Pedro a Portugal é conhecido como “Decreto das Cortes” e foi recebido no Rio de Janeiro em dezembro de 1821, poucas semanas antes do “fico”.