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A expedição de Cabral e o encontro que redesenhou o Atlântico

  • Foto do escritor: Sidney Klock
    Sidney Klock
  • 24 de nov.
  • 2 min de leitura

Em março de 1500, dezoito embarcações deixaram Lisboa em direção ao vasto Atlântico. A rota, traçada para alcançar as Índias, seguia a lógica dos ventos e das grandes navegações do período. Pedro Álvares Cabral comandava a frota, guiando-se por correntes já conhecidas e por mares que se abriam pouco a pouco aos olhos europeus. Durante a travessia, ventos constantes empurraram as velas rumo ao oeste, até que, na manhã de 22 de abril, uma faixa de terra surgiu no horizonte, como se o litoral repousasse ali havia séculos à espera de ser nomeado.


Caravelas de Pedro Álvares Cabral chegando às costas do Brasil em 1500, iluminadas pelo sol nascente.
Arte:SK

Um encontro entre mundos já vivos


A chegada dos portugueses marcou o encontro entre sociedades separadas por oceanos e por formas distintas de conceber o mundo. A carta de Pero Vaz de Caminha descreve um território onde as matas se estendiam até o mar e onde povos indígenas viviam de acordo com ritmos próprios, alheios às noções europeias de riqueza e propriedade. Houve trocas de objetos e de olhares, pequenos gestos que antecipavam transformações profundas. Se para os portugueses tratava-se de um achamento, para os habitantes da costa era apenas a chegada de visitantes inesperados a uma terra habitada muito antes das caravelas.


As transformações que moldariam a nova colônia


Nos anos que se seguiram, o pau brasil tornou-se o primeiro vínculo econômico entre Europa e território americano. Sua cor intensa tingiu tecidos e mapas, estabelecendo redes comerciais e atraindo novas expedições. A colonização tomou forma com capitanias, engenhos de açúcar, missões religiosas e a presença crescente da escravidão indígena e, mais tarde, africana. O encontro de 1500 inaugurou um processo longo e complexo, marcado por resistência, adaptações culturais e inúmeras reinvenções que moldariam o futuro do país.


A permanência do primeiro contato


A paisagem observada por Cabral permaneceu como símbolo de um início. A terra avistada não era vazia, nem desconhecida por aqueles que nela viviam. Era um espaço onde línguas, rituais e histórias já se entrelaçavam muito antes das naus aportarem. O Brasil contemporâneo carrega os vestígios desse momento, um ponto de partida que reúne contrastes, convívios difíceis e uma diversidade que atravessou séculos.


Curiosidade


A primeira denominação registrada para a nova terra foi Terra de Vera Cruz. Mais tarde, surgiram nomes como Terra de Santa Cruz e apenas com o avanço da exploração do pau brasil o termo Brasil se consolidou.


Referências


• Holanda, Sérgio Buarque de – Raízes do Brasil, Companhia das Letras, 2014

• Prado Júnior, Caio – História Econômica do Brasil, Brasiliense, 2011

• Schwartz, Stuart B. – Soberanos e Hereges, Companhia das Letras, 2019

• Carta de Pero Vaz de Caminha – Arquivos históricos

• Alencastro, Luiz Felipe de – O Trato dos Viventes, Companhia das Letras, 2000

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